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Cinquenta tons de percepção

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Fui ao cinema na quarta-feira de cinzas para assistir a versão cinematográfica do best-seller “Cinquenta tons de cinza”. Confesso que adentrei a sala com certa resistência por tudo que li dos críticos, da mídia e pelas redes sociais. Não li o livro, a história era inédita pra mim em quase tudo, somente sabia da sinopse, desde que os livros foram lançados.

Saí do cinema com a sensação de que assisti a um bom filme, ainda que incompleto, já que assim como o primeiro livro, terá continuações. Procurei me despir de preconceito para poder me divertir com um filme que pela crítica, era voltado exclusivamente para mulheres que sonham com um príncipe encantado, milionário e viciado em sexo. Como diz a música da Rita Lee: “Papai do Céu, me dê um namorado, lindo, fiel, gentil e tarado”.  Essa é uma das percepções da história, porque de fato, também ocorre.

Outra percepção é focada na sexualidade, li críticas de que o filme era um soft porn de quinta, aquém das aventuras de Emanuelle no finado Cine Privê. Não, não é. A película é infinitamente superior, seja no enredo, seja na sexualidade. O filme não tem intenção alguma de ser algo ligado à pornografia, nem o foco central é o sexo, apesar das cenas, nem tão fortes assim, de dominação e bondage. Cabe aqui uma colocação: Não me lembro de ter visto em algum outro filme o tema tão bem retratado, com detalhes minuciosos e termos específicos. Só quem não entende ou nunca leu sobre, poderia atribuir ao mesmo, algo como violência contra a mulher. Mais uma percepção equivocada sobre um tema tão distante da maioria das pessoas.

Observei ainda, pelas redes sociais, certo desdém tanto do público masculino, quanto do público feminino pelas cenas do filme, como se em casa, todos tivessem uma vida sexual movimentada e tão peculiar como a de Ana e Christian.  Sabemos que não temos. A maioria de nós não se dá o direito de experimentar sensações tão extremas. Fiquei com a impressão de que alguns agiram com desdém. Diria até que com inveja da vida que os personagens têm.

Permiti-me ler o primeiro capítulo do livro para que fosse possível comparar a adaptação e o que percebi foi uma fidelidade pouco comum. O filme é muito fiel aos detalhes muito bem expostos pela autora, apesar de achar a escrita simples, beirando o infantil, para um tema tão pesado. O que poucos comentaram, foi a temática da película, a história em si, onde a sexualidade é apenas o pano de fundo para um bom enredo, que trata de uma jovem mulher descobrindo um novo mundo, com um homem atormentado por seu passado, com muitos traumas e que ainda tem muito a se desenvolver.

Não sei se esperarei os próximos filmes, ou se continuarei a leitura para saber de toda a história, mas deixo aqui uma dica:

Dispa-se do preconceito e permita-se assistir a um bom filme. Não limite sua percepção pelo óbvio, menos ainda pela opinião pública. Talvez seja possível perceber bem mais do que nos parece óbvio.

Bom filme e boa leitura.

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Sobre Rodrigo Barros

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Empreendedor e escritor, Rodrigo Barros é bacharel em Biblioteconomia e em Sistemas de Informação, com pós-graduação em Gerência de Projetos e MBA em Gestão de Marketing. Fundador e editor chefe na Cartola Editora.

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