Foi noticiado que estão confeccionando, de maneira artesanal, uma camisa vermelha da seleção brasileira para que os torcedores de esquerda não sejam confundidos com os “manifestoches”, durante a Copa do Mundo, que será realizada na Rússia. A dicotomia que assola o país não poderia deixar passar em branco, e os comentários nas redes sociais são simultaneamente agressivos quanto hilários. A responsável pela confecção é a designer gráfica Luísa Cardoso. Reparem que o escudo não é o atual da CBF e sim o da antiga CBD (clique na imagem para expandir a foto).
Vociferam contra o projeto, alegando que não faz sentido uma camisa vermelha para a seleção brasileira, já que as cores da bandeira nacional são o verde, o amarelo, o azul e o branco. Como de costume, surge a célebre frase “minha bandeira nunca será vermelha”. É verdade que a bandeira do Brasil não apresenta hoje a cor vermelha, mas nem sempre foi assim.
A primeira bandeira oficial do país, já como império independente, lembra bastante a atual, e diferente do que provavelmente você aprendeu na escola, as cores verde e amarela não representam nossas matas e nosso ouro. A cor verde fazia referência à casa de Bragança, do imperador D. Pedro I. Provavelmente, o verde teria sido escolhido para representar os Braganças em decorrência de essa ser a cor do dragão, figura heráldica associada a essa casa. Já o amarelo simbolizava a casa de Habsburgo-Lorena, da qual fazia parte a imperatriz D. Leopoldina. Além do tradicionais verde e amarelo, a bandeira do Brasil tinha detalhes em azul, dourado e pasmem, em vermelho.
Voltando ao futebol, apesar de o primeiro uniforme da seleção brasileira ter sido um uniforme branco com detalhe em azul nas mangas, costumamos ver o esquadrão nacional usando amarelo ou azul, entretanto, a empresa patrocinadora da seleção, tem por hábito criar uniformes de treino, goleiro e um terceiro modelo em cores diferentes das tradicionais, incluindo aí, algumas em vermelho.
Em vários momentos da história, a seleção brasileira atuou com uniformes diferentes dos tradicionais. Já jogamos de verde e amarelo em 1916, com um uniforme branco com detalhes em azul e vermelho nas mangas, em 1918 e em 1919, e também já atuamos com o uniforme de clubes.
Em 1919, em um duelo contra a Argentina pelo Sul-Americano, jogamos com a camisa do Peñarol, do Uruguai. Em 1936, também pelo campeonato Sul-Americano, atuamos contra o Peru usando o tradicional uniforme vermelho do Independiente, da Argentina, e também já atuamos com a camisa do Boca Juniors, clube argentino, em 1937, em partida contra o Chile.
Em 1917, ano da revolução bolchevique na Rússia, o mundo assistiu aos comunistas tomando o poder e iniciando o processo que daria origem à potência vermelha da União Soviética. O Brasil disputava o Sul-Americano do mesmo ano atuando com um uniforme branco, entretanto, após o sorteio que definiu os confrontos, a seleção brasileira foi obrigada a improvisar um segundo uniforme e optou por jogar de vermelho contra a Argentina e o Chile, já que as equipes também atuavam de branco no torneio.
A camisa que a seleção atuou nesses partidas possui uma réplica no Museu Seleção Brasileira, que fica na sede da CBF, o modelo é o apresentado abaixo:
Ah sim, a CBF se posicionou e emitiu um comunicado para a designer Luísa Cardoso proibindo o uso do escudo da CBD, já que os direitos também pertencem à entidade. Uma nova versão foi feita e você pode adquirir no link abaixo: